terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O AMOR, SOBERANO DESÍGNIO DA CRIAÇÃO


Só o amor,efetivamente, pode redimir-nos, porque só ele pode conduzir-nos à plenitude beatífica do ser.Só ele nos eleva acima das solicitações grosseiras da materialidade, por isso que só ele nos permite transbordar as fronteiras angustiantes de nossa consciência cerebral, para a realização de uma consciência a um tempo mais vasta e mais profunda, freente a cuja expansão ruirão sucessivamente todas as barreiras erguidas pelo egoísmo individual e coletivo. Será a consciência cósmica, peculiar a quantos hão atingido os mais altos níveis do ser e da vida.
Só o amor pode solidarizar-nos, porque só a relação pelo amor é perfeita, é completa. Quem ama verdadeiramente desconhece qualquer oposição entre o próximo e o distante, entre o passado e o futuro, entre a causa e o efeito, entre a substância e o acidente, porquanto o amor não se subordina às categorias mentais de espaço e tempo,nem das prescrições da moral religiosa: é, antes, qual olorosa e delicada flor que brota espontaneamente das forças da vida.
O verdadeiro amor não se impõe como um fardo, nem se preceitua como um sacrifício, porque ele não é meio para atingir um fim, nem condição para a posse de um bem: é, antes, o fim e o bem mesmos.
A felicidade, em última análise, não se condiciona, como reação, a uma ação calculada e interesseira, mas é a substância mesma da própria ação de exercer o bem, na qual está direta e imediatamente contida. Eis por que, segundo nos lembra A grande síntese, o santo, na volúpia da ascese, se deixa martirizar tranqüilamente pelo semelhante; o herói, transfigurado de paixão, se sacrifica serenamente pelo povo, e o gênio, transbordante de alegria, se consome lentamente pelo bem da humanidade. Sob esses estranhos rasgos de abnegação e altruísmo, de desprendimento e renúncia, a alma se agita em espasmos de gozo, dominada por inefável e extraordinário prazer, o prazer místico e divino de amar.
Nessa altura, o amor transumaniza-se, sublima-se e metamorfoseia-se em puro gozo do espírito, em supremo deleite dos anjos. Espraiando-se além de todos os níveis e dimensões concebíveis, o indivíduo se sente identificado com Deus, que é a mais alta expressão do amor.
O amor é a mais potente impulsão impulsão do universo, o soberano desígnio da evolução cósmica. Tudo nasce dele e para ele: as pedras e as plantas, os animais e os homens, a terra e o céu, o mar e as estrelas; tudo foi concebido por obra e graça do amor!
A afinidade atômica, a coesão molecular, a atração sexual, a gravitação universal, tudo, no nível que lhe é próprio, representa uma modalidade de amor. Em tudo quanto suscita em nós o senso ético e estético avulta a função construtiva do amor.
Irmãos, aprendamos com a natureza a sublime lição do amor!

Rubens Romanelli

(Extraído do Livro do autor, O Primado do Espírito)

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