sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

CONQUISTA INTELECTOMORAL


Certamente, não seria possível transferir de ontem, do tempo de Jesus, à atualidade, a vivência evangélica.
Aqueles eram dias especiais e as circunstâncias se apresentavam diferentes por motivos históricos, sociológicos, psicológicos...
Os tempos possuem suas próprias características, que são trabalhos que resultam de suas aquisições estruturadas no progresso moral e cultural, que lhes assinala cada século.
No entanto, os ensinamentos de Cristo,têm um sabor especial, porque foram oferecidos para todas as épocas, apesar das conquistas e desgraças de cada período da evolução histórica dos povos.
A lei do amor, por exemplo, é de valor eterno, já que se fundamenta na lei natural, aquela que apresenta a criação e, portanto, a Divindade.
Dela surgem todas as outras leis que permitem o progresso, o crescimento, a evolução da vida.
Quando o conhecimento ama, impulsiona o ser à valorização de todos os seus recursos, que são aplicados para a superação das paixões primitivas, que intencionam manter o homem nas baixas etapas do desenvolvimento moral e intelectual...
Quando o conhecimento não ama, enlouquece a criatura humana e a guerra dirige o comportamento da Humanidade, que semeia a morte, a miséria e a destruição pelos caminhos, cobrindo-os de cadáveres e de desolação...
Enquanto isso, há inumeráveis desafios que surgem a cada momento diante de quem,encontrando o conhecimento da Verdade, luta para crescer e avançar para o bem.
Como existe, no homem, o predomínio dos instintos agressivos: a violência, a luxúria, a maledicência, o ciúme e o ódio, a cada passo, provocam sua queda, correspondendo a esse estudante de si mesmo, superar suas más inclinações e seguir animado pelos propósitos elevados do dever, do amor, do perdão e da caridade que dele se irradiarão em todas as direções, modificando a paisagem de dor e luta onde se encontra e convidando-o a servir e a progredir moralmente.
O espiritista é o conhecedor da verdade, pois sabe, por experiência intelectual, emocional e prática, que a vida continua, abrindo-se feliz depois do túmulo, impondo-se ao ser que transpõe indestrutível, a porta da morte, com valor e dignidade...
Com essa certeza, inicia, em seu próprio eu, um trabaho de pacificação íntima, um esforço de fraternidade, um compromisso com a vida, ajustando em sua vida, uma conduta pessoal rígida, que é uma repetição do comportamento cristão primitivo que tem aplicação em todas as épocas da História.
A doçura do amor suavisa a desolação e a brutalidade de muitas esperiências que lhe cabe sofrer, não permitindo-lhe diminuir a confiança nem a coragem pelo prosseguimento dos esforços de renovação e de paz.
Passa a ver os maus acontecimentos de forma diferente: quer dizer, superior, compreendendo a finalidade de cada sofrimento para a sua melhoria íntima.
Não se permite uma submissão estática, inútil, fatalista, senão uma tomada de posição dinâmica, porém, sem formas de rebeldia.
O amor impulsiona à grandeza moral e domina as tendências ancestrais do primitivismo, desconcertantes e prejudiciais, que encarceram na selvageria...
Meta e meio para a conquista dos títulos da sabedoria e libertação, o amor abre as portas ao homem para sua plenitude espiritual.
Por isso, diante das conquistas tecnológicas modernas, o espiritista se converte no elo de amor entre a inteligência alucinada e os sentimentos controvertidos, exemplificando, em todas as situações, com nobreza de alma, mediante a aplicação de seus dons intelectomorais - síntese do verdadeiro progresso -, que representam a mais preciosa conquista para fazê-lo realmente feliz, construindo, ao seu redor, e em si mesmo, o templo da paz e do bem, com esse amor que manifesta o pensamento de Deus no Universo, vivificando-o inteiramente.

Miguel Vives y Vives

(Do livro Rumo às Estrelas, psicografia Divaldo Franco e Diversos Espíritos)

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